Recentemente, escutei de um Magistrado — não com um tom de elogio — que sou “muito ousado”. Pensei, refleti, e concluí: de fato o sou, ou o pretendo ser.
Esse episódio, apesar de isolado, apenas expõe o quão pequeno pensamos (de todos os lados) e consequentemente ofuscamos a verdadeira preocupação que devemos ter.
Em tempos de eleição da OAB Maranhão, é colocada em discussão a atuação e a importância do advogado na sociedade. Seus, deveres, obrigações, prerrogativas, sua função social, etc..
De tanto que já se bateu na tecla, já é repetitivo, mas nunca desnecessário, mencionar que “o advogado é indispensável à administração da justiça” (art. 133, da CF).
Por certo, é pela via do advogado que o cidadão tem acesso à Justiça, que é o último caminho para a entrega do direito daquele que se vê em situação de desamparo diante de uma ilegalidade e da evidente falência das instituições brasileiras.
E como “cavaleiro da esperança”, apesar de não munido de armas bélicas como Luis Carlos Preste, não basta ao advogado criticar, apontar erros e transformar a discussão entre as carreiras jurídicas em uma eterna disputa que em nada prestigia e valoriza os jurisdicionados (cidadãos).
Na verdade, apesar de tudo que ao longo da história tenha sido feito a respeito, parece ser senso comum a necessidade de uma convergência entre as classes, especialmente no ambiente jurídico, a fim de construir soluções práticas para o aperfeiçoamento das instituições democráticas, de modo que esse movimento, que precisa ser iniciado, represente uma melhoria dos serviços prestados aos cidadãos, em especial aqueles oriundos do Poder Judiciário.
E esse diálogo certamente deve ser ousado, no sentido de que demonstre arrojo, inovação, bem assim seja destemido, corajoso, e não ocorra de forma insolente, nunca se deixando de demonstrar o devido respeito pelos outros.
E diz-se ousado, porque essa certamente é uma virtude que deve ser característica do advogado e da advocacia, pois na atual situação em que se encontra a atividade jurisdicional não se pode deixar de ter a coragem de chamar à mesa as instituições para a construção de saídas desse fosso em que todos, sem exceção, nos encontramos.
Historicamente, a OAB sempre esteve à frente na condução da discussão acerca dos problemas sociais brasileiros. Nos últimos anos, é bem verdade, não é segredo que a OAB, em especial no Maranhão, vem capitaneando os principais debates políticos e sociais, e essa postura reconhecida pela sociedade deve ser fortalecida sempre mais e mais.
Afinal, segundo o Instituto Datafolha, em pesquisa ampla em todo o território brasileiro, onde foram ouvidas mais de duas mil pessoas em 135 municípios, a OAB é uma das instituições com maior credibilidade junto à população brasileira.
Na pesquisa, 66% dos escutados disseram confiar na OAB. Comparativamente a 14 instituições, apenas as Forças Armadas ficaram à frente com a confiança de 73% da população.
sses dados, longe de fomentar conformismo, servem para alimentar e dar mais legitimidade à advocacia como uma das protagonistas do processo democrático.
Portanto, a mensagem que deve ser absorvida por todos é a de que não há mais espaço para disputas entre as classes, com acusações recíprocas, chutes em portas e discussões inócuas que apenas atravancam a prestação jurisdicional.
Enfim, se é senso comum que todos precisam avançar, com a melhoria das condições de trabalho para todos, e que, efetivamente, ninguém está “com o burro na sombra”, é mais que evidente a necessidade de formação de mesas de debates com o objetivo único de congregação das carreiras jurídicas, para o fim de discutir mecanismos de avanço social.
Assim, como a ousadia é um elemento fundamental para o pontapé deste processo, não se pode ter medo, nem mesmo se furtar em ser ousado e não baixar a cabeça às adversidades que ora são enfrentadas.
Isso porque, muito acima dos interesses pessoais de cada operador do direito está a promoção dos valores do Estado Democrático de Direito, que se refletem objetivamente na melhoria da qualidade dos serviços prestados pelo Poder Judiciário, que tem como beneficiários principais os cidadãos.